domingo, 21 de março de 2010

ENTENDA O QUE É SPREAD BANCÁRIO

SÃO PAULO - O spread bancário no Brasil é o mais alto do mundo, o que provoca atritos entre o sistema financeiro e governos há anos. Spread é a diferença entre as taxas que os bancos pagam ao captar dinheiro no mercado e o juro que cobram nos empréstimos.

Essa nova onda de pressão de autoridades de Brasília sobre as instituições tem como pano de fundo a redução dos depósitos compulsórios, dinheiro que os bancos devem deixar parado no Banco Central (BC), estimado atualmente em R$ 270 bilhões.

Para aliviar os efeitos da crise no País, o governo liberou, ao longo dos últimos dois meses, aproximadamente R$ 97 bilhões, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Apesar disso, o spread bancário médio subiu de 26,4 pontos porcentuais em setembro para 28,4 pontos em outubro.

Anualmente, a Fiesp faz um ranking de competitividade, conhecido como IC. Um dos itens que o compõem é justamente o spread bancário. No estudo deste ano, a entidade usou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) relativos a 2007. Os números mostram que o Brasil liderava o levantamento, com spread médio de 25,3 pontos porcentuais. Em um distante segundo lugar estava a Colômbia, com 7,4 pontos, seguida pela França, com 7 pontos.

Um estudo do próprio Banco Central revelou que o spread brasileiro é composto por vários itens: custo administrativo (13,5% do total), inadimplência (37,35%), compulsório (3,59%), tributos (8,09%), outros impostos (10,53%) e margem líquida dos bancos (26,93%). Em outras palavras, dos 28,4 pontos do spread em outubro, a margem (lucro) das instituições era de 7,65 pontos porcentuais.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

http://www.estadao.com.br/noticias/economia,entenda-o-que-e-o-spread-bancario,314534,0.htm


Entendeu?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Ensaios Sobre a Economia dos Estados Unidos.

Resenha: Schincariol, Vitor Eduardo. Ensaios Sobre a Economia dos Estados Unidos. São Paulo: LCTE Editora, 2009.

A economia norte-americana dita o ritmo da economia mundial. Compreender a dinâmica do seu funcionamento e a forma como sua política econômica influencia o mundo, é a chave para entender o atual ordenamento político econômico internacional, principalmente o latino-americano, tendo em vista que a região é a que mais sofre influência norte-americana.

No sentido de facilitar e elucidar algumas questões de extrema importância sobre a economia dos Estados Unidos é lançado pelo historiador econômico e atualmente professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Alagoas, Vitor Eduardo Schincariol, um conjunto de artigos denominado “Ensaios Sobre a Economia dos Estados Unidos”, publicado pela LCTE Editora.

O livro contem 112 paginas, e divide-se em seis capítulos, na seguinte ordem: “Alguns aspectos do crescimento recente dos Estados Unidos: 1990 – 2001.” (cap.1); “Endividamento externo da economia dos Estados Unidos (1980 – 2004): uma interpretação Kaleckiana.” (cap.2); “A America Latina no período de hegemonia dos Estados Unidos: 1990 – 2005”. (cap.3); “Relações comerciais e financeiras da America Latina e China com os Estados Unidos, duas trajetórias muito discrepantes.” (cap.4); “Apontamentos sobre o endividamento externo dos Estados Unidos (1980 – 2004).” (cap.5); “Perspectivas da economia dos Estados Unidos: um olhar a partir da historia econômica recente”. (cap.6).

O objetivo principal do livro é mostrar que o endividamento externo norte americano, ao invés de ser um problema para o funcionamento de sua economia, foi à solução encontrada para minguar um plausível problema de queda nos níveis de consumo e de investimento, tendo em vistas que outras variáveis como a taxa de lucro que dentem centralidade na determinação dos níveis de crescimento da economia, se mantém estagnadas, principalmente nos setores da chamada economia real; - “na presença de menores taxas de endividamento, a contra-resposta da demanda efetiva pelo aumento do consumo e dos déficits federais teria se revelado bem menor, com impactos ainda mais negativos sobre o PIB.”(p.37). E que a sua capacidade de atrair capital está integralmente vinculada ao seu poderio político-militar que, além de outras façanhas, lhe permite manter o dólar como “moeda de livre curso internacional”.

É importante também ressaltar algumas colocações que o autor faz sobre a América Latina, dentro de uma perspectiva crítica, destacando alguns problemas já apontados anteriormente, sob diferentes visões, por autores como Ruy Mauro Marine, Celso Furtado, Noyola Vásquez dentre outros, que propunham medidas diferentes das que foram tomadas pelos dirigentes das economias latino americanas sob ingerência norte americana. Como Schincariol lembra; “Seguiu-se nos anos 1990 um caminho oposto às reformas que se consideraram necessárias para chegar-se ao desenvolvimento econômico. O resultado foi o agravamento do subdesenvolvimento . Não há economias ‘emergentes’ , de fato. O termo é um embuste completo.” (p.45).

“Diagnósticos irrefutáveis construídos com base em análises cujos interesses eram os das maiorias – como a necessidade de um controle maior da atuação das empresas estrangeiras, derivadas da teoria do subdesenvolvimento desenvolvida por varias escolas (Prebisch, Furtado, Kalecki, Baran, etc.) - são ‘esquecidos’ em troca de favores econômicos e políticos. A miopia analítica, o arrivismo e o cinismo explicam porque se recusa a enfrentar temas espinhosos ou considerados ultrapassados. Num período de crise social, a crítica foi sacrificada no altar do formalismo”. (p.55).

Posteriormente é feita uma análise das relações comerciais e financeiras da América Latina e China com os Estados Unidos - que dotada de alguns dados empíricos oficiais, traz a tona alguns questionamentos de pouca notoriedade na grande mídia e nos ‘ambientes’ acadêmicos hegemônicos - na qual o autor aponta os diferentes tipos de relações travadas entre esses países. Enquanto a China consegue estabelecer relações comerciais e financeiras com os Estados Unidos, que claramente tem sido benéfica para o seu projeto nacional de se tornar uma grande potência econômica – “O circuito do capital entre China e Estados Unidos está estruturalmente de acordo com a lógica de que os chineses investem nos Estados Unidos para receberem recursos oriundos desses investimentos. Eles apontam numa só direção : investe-se domesticamente com capital próprio – ou asiático- paga-se pouco em remessas de lucros ao exterior , e remete-se aos Estados Unidos não recursos produtivos , mas sim recursos que diversifiquem a carteira de investimentos e que sirvam a fins estratégicos(manutenção do valor do câmbio, por exemplo).”(p.66).- , a América Latina continua sendo subserviente nas suas relações políticas, financeiras e comerciais com os Estados Unidos mantendo-se como uma ‘neocolonia’- “A América Latina , por seu turno, exporta muito capital produtivo, levando a noção de que suas relações financeiras com os norte americanos são do tipo neocolonial : a acumulação doméstica ajuda a acumular no centro do sistema , não sendo o excedente local em sua maior parte investido localmente”(p.64) .

A obra como um todo é dotada de uma coerência que facilita bastante o entendimento do leitor, e nos mostra que “o estudo histórico-econômico dos agregados pode levar a perspectivas mais abrangentes e objetivas do que o discurso e análise do curto prazo podem trazer.” (p.27).

José Humberto Silva Filho

Bacharelando em Ciências Econômicas

UFAL